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20 anos de “O Senhor dos Anéis” | Os melhores momentos no Deadline

“Se você estivesse lá naquela noite em Cannes, seria algo de que sempre se lembraria.” -Bob Shaye.

Este ano (2021), comemoramos os 20 anos do lançamento do primeiro filme da nossa santíssima trindade do cinema: Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, dando início a três anos seguidos de frenesi e muitos prêmios a cada lançamento.

Para marcar a comemoração, a revista norte-americana Deadline apontou os principais eventos (e momentos de tensão) durante a produção da adaptação de sucesso de Peter Jackson baseada na obra de J.R.R. Tolkien. Neste artigo, iremos abordar os principais detalhes que foram pontuados na revista. Confira abaixo:

 

Em uma toca no chão, vivia um estúdio que gostava de assumir riscos

 

Sabemos que Peter Jackson vinha, há anos e insistentemente, tentando levar a obra de O Senhor dos Anéis para o cinema. Em sua última tentativa, encontrou a New Line Cinema, que na época apoiou filmes independentes de cunho arriscado que conquistaram o sucesso, como “A Hora do Pesadelo” e “O Máscara”.

Portanto, não havia lugar mais inclinado a aceitar a empreitada de uma adaptação considerada impossível. Mas mesmo gostando de assumir riscos, viabilizar uma produção de US$120 milhões em uma longa filmagem na Nova Zelândia ainda era algo muito corajoso.

 

Michael Lynne, Peter Jackson, and Robert Shaye. Fonte: Lib.umich.edu

 

Antes de tudo, é importante saber que Bob Shaye, diretor da New Line Cinema, foi quem decidiu que deveriam ser feitos três filmes, e não dois, como Jackson planejava. Essa foi a decisão mais ousada do cinema até aquele momento, afinal, com as locações para a filmagem na Nova Zelândia, os filmes deveriam ser filmados no mesmo período. As estradas e toda a “bagunça” causada pela produção inviabilizaria a permissão por parte do governo para dividir a gravação em etapas.

Era importante para Jackson filmar na sua terra natal, como relembra Ken Kamins, seu agente: “[…] A primeira vez que fui visitar Peter na Nova Zelândia, ele estava fazendo um dos filmes de James Bond. Não me lembro qual, mas havia uma sequência em que aparecia um mapa-múndi de vidro. Peter pausa e diz: ‘O que você vê?’ Eu disse: ‘Não tenho certeza do que estou procurando.’ Ele vai até onde fica a Austrália e aponta. Ele disse: ‘Dê uma olhada. A Nova Zelândia não está nesse mapa.’ Então ele me olhou bem nos olhos e falou: ‘Mas estará.”

 

Gravações de O Senhor dos Anéis na Nova Zelândia. Fonte: NewZealand.com

 

Porém, filmar na Nova Zelândia significava que, mesmo se A Sociedade do Anel não obtivesse êxito, a New Line Cinema e os distribuidores independentes de outros países estariam amarrados a continuações condenadas ao fracasso, o que poderia ser o fim para muitos, senão todos, que investissem na compra da distribuição dos filmes.

Logo, quando o orçamento inicial por filme – que era de US $60 milhões – pulou para US $120 milhões, toda a New Line pulou em conjunto. Eles precisavam, mais do que nunca, do investimento das distribuidoras e na confiança em Peter Jackson.

Houve alguns desgastes no relacionamento de ambos os lados: Jackson tentando produzir um filme sob pressão, e Shaye junto a New Line Cinema preocupados com o andamento das gravações.

Para abrandar os ânimos, Shaye viajou para a Nova Zelândia com alguns compradores internacionais que ainda estavam em cima do muro, e o diretor montou um rolo de amostra de meia hora com cenas dramáticas. O ceticismo sobre a capacidade de Jackson desapareceu nos 20 minutos que levou para mostrar a filmagem.

“A amostra que Peter montou tinha Ian [McKellen], Orlando [Bloom], e todo mundo”, lembra Shaye. “[…] Era um elenco excelente. Foi bem fotografado. Um material de primeira classe, então saímos de lá com confiança. Na verdade, fechamos quase todos os nossos negócios internacionais naquela viagem a Wellington. ”

 

Mas tudo foi ainda melhor em Cannes.

 

Jackson conta, que antes da exibição no Festival de Cannes, Shaye o chamou para conversar em particular no banheiro. Ao entrar, Bob diz que precisava que desse certo, pois havia parceiros lá fora cuja sobrevivência dependia daquilo, e logo em seguida caiu em prantos. “Ele realmente se importava. Ele estava chorando não em nome da New Line. Ele chorava em nome de todos os parceiros internacionais que eles trouxeram para ajudar a financiar o filme. […] Ele estava chorando por eles, não por conta própria ou por sua própria empresa.” Peter lhe disse: “Olha, estou fazendo o meu melhor, Bob. Eu ouço você, eu entendo, e estou tentando fazer o melhor filme que posso.”

E de fato, logo em seguida, houve a confirmação da sua fala.

Shaye decidiu por um lançamento no estilo estreia em Cannes, dando uma mostra de 26 minutos de cenas, seguido por uma festa no histórico Château de Castellaras, nos arredores da cidade. Conjuntos reais do filme foram transportados para transformar o local na Terra-média, com trolls-das-cavernas, Espectros-do-Anel e a casa de Frodo no Condado. Foram US $2 milhões bem gastos.

O filme começou com Jackson e Gandalf na carroça do mago para apresentar a filmagem. Em seguida, veio toda a sequência de tirar o fôlego enquanto o grupo entra nas minas subterrâneas de Moria, lutando contra orques, gobelins e o demônio de fogo Balrog. Ao final da exibição, havia nada menos do que euforia.

Sammy Hadida, que faleceu, mas que era chefe da distribuidora francesa Metropolitan, me viu no saguão e literalmente me levantou do chão e me beijou na boca de tão empolgado”, lembra Mark Ordesky, da New Line Cinema. “Achei que o rosto dele fosse quebrar de tanto sorrir.”

Também foi a primeira vez que os atores presenciaram suas cenas com os efeitos especiais, dando a eles também uma grata surpresa de como seria a obra completa.

Elijah Wood (Frodo) diz que Cannes deixou claro para todo o elenco que isso seria algo especial. Ver a Terra-média na tela pela primeira vez trouxe um nível de empolgação que ele não esperava. “Mostrou tantas coisas”, diz ele. “O nível de arte que a Weta Digital e a equipe de Peter foram capazes de realizar trazendo aquele troll-das-cavernas à vida foi genial. Sentir aquele zumbido palpável de excitação no ar era maravilhoso. Tornou-se real. E a festa, com trols-das-cavernas e Espectros-do-Anel a cavalo? Foi extraordinário, e não vi nada parecido desde então. ”

Sean Astin, que interpretou o companheiro Hobbit de Frodo, Samwise Gamgee, sentiu que a mostra e a reação elevaram o escopo da campanha de marketing. “O Festival de Cinema de Cannes mostrou o que sabíamos: que o filme era espetacular e tínhamos criado algo que iria resistir ao teste do tempo”, diz ele. “Ele filtrou para cima, para baixo e ao redor. Lembro-me que a campanha de marketing inicial errou o alvo, tratou a história como uma abordagem temática do Dungeons & Dragons e perdeu o toque clássico. […] Depois de Cannes, eles acertaram. Os pôsteres apenas de Elijah com as mãos e um anel enorme dentro, em pontos de ônibus e tudo mais. Você não sabia se isso se traduziria em sucesso de bilheteria, e vi Bob Shaye e Michael Lynne suando. ”

O resto, porém, é história. Shaye saiu do estúdio que ele mesmo fundou, não muito depois do Oscar.

“Estou extremamente feliz e orgulhoso por Peter ter feito um trabalho tão bom. Isso realmente era um raio em uma garrafa; nunca experimentei nada parecido e é claro que olho para trás, para a coisa toda – ou a maior parte dela – com grande satisfação e um sorriso modesto, mas intenso no rosto. ”

Questionado sobre como ele avalia o risco que a Amazon Studios está assumindo ao gastar US $460 milhões em uma série de O Senhor dos Anéis que não tem Peter Jackson, Shaye se recusa a responder diretamente. Mas parece que ele não apostaria contra a Terra-média de Tolkien.

Ele diz: “[…] Eu só desejo tudo de bom para eles. ”

A franquia obteve um recorde bruto de quase US $3 bilhões em bilheteria, e é considerada ainda, 20 anos depois, uma obra atemporal, corajosa, e impecável.

Para ler a matéria original e na íntegra, clique aqui. Confira abaixo nossa playlist especial com tudo sobre os filmes de Peter Jackson!

Nossa elfa-amazona já atravessou o Brasil e a Terra-média em suas andanças. Agora ela tem um local confortável para escrever notícias e deixar os Povos Livres bem informados.