Artigo por Robson Lima
Olá, me chamo Robson, sou licenciado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e trago nesta matéria uma breve discussão com base no meu artigo intitulado “O Lugar e a Cartografia em O Hobbit: uma reflexão geográfica para o ensino”, que também foi o meu trabalho de conclusão de curso.
O trabalho usou a aprovação do livro “O Hobbit” em 2021 como material paradidático pelo PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) para discutir as potencialidades que esta obra apresenta para se discutir e desenvolver conteúdos, conceitos e temas da Geografia. Materiais paradidáticos são produtos e mídias cujo foco inicial não seria o de servir a fins educativos, mas que mesmo assim podem ser utilizados como ferramentas auxiliares no processo de ensino e aprendizagem a partir das discussões que permitem traçar, como filmes, músicas, peças de teatro, ou no caso do meu trabalho, um livro de fantasia.
Os elementos geográficos desempenham papel fundamental para o desenrolar da trama em “O Hobbit”, tanto nas motivações dos personagens, bem como na cadeia dos acontecimentos da história da Terra-média. Um lugar é o fruto das relações de afetividade e pertencimento que os indivíduos e grupos estabelecem com o seu espaço vivido. Distintas experiências e percepções irão atribuir significados e valores diferentes a um mesmo recorte do espaço.
O lugar em “O Hobbit” é representado por Bilbo Bolseiro na forma como se relacionava com Bolsão. Bilbo tinha passado os últimos 50 anos de sua vida de forma ininterrupta na sua toca, construindo laços de afetividade e pertencimento, o que influencia diretamente no desenrolar da trama, pois se torna relutante a se juntar na aventura, além de se sentir deslocado nos lugares que passou ao longo de sua jornada, inicialmente. No desenrolar da trama, Bilbo passa a atribuir memórias e significados a estes outros lugares, como no caso de Valfenda.
Outro aspecto do lugar é uma das motivações para o início da aventura em si, o de lugar para um povo, que representa como um grupo de indivíduos, coletivamente, atribuem significados, identidade, sentimentos e valores ao espaço, desenvolvendo neste suas relações de pertencimento. Tal faceta pode ser vista na busca dos Anãos em reaver o seu antigo lar em Erebor. Thorin vagou por muitos lugares com seu povo após o ataque de Smaug, mas nem ele e nem seus companheiros se sentiam pertencentes a tais lugares, pois o passado e legado de seu povo estavam em Erebor, materializado no espaço, o que inclui o seu tesouro.
Se a reconquista do lugar foi uma das motivações centrais para o desenrolar da trama, é um mapa – o mapa entregue a Thorin por Gandalf – o artefato desencadeador de toda a aventura. Tal ponto faz refletir sobre o papel e função dos mapas como registro da sabedoria e passado, afinal, foram os ancestrais de Thorin que puseram lá seu conhecimento a respeito da montanha e a entrada secreta.
Por fim, a própria Terra-média é também um personagem e agente para a trama. A fuga dos Anãos da prisão em Trevamata foi possível graças às relações comerciais mantidas entre o Rei Elfo e os Homens de Esgaroth que, por sua vez, só era possível graças a existência do Rio da Floresta, dentre vários outros exemplos que trago em meu trabalho.
Então? Esta discussão despertou seu interesse a respeito das potencialidades que a obra do professor Tolkien apresenta para o Ensino de Geografia? Para ver esta discussão mais aprofundada e detalhada, confira o meu trabalho no anexo abaixo!